Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 1,94% em outubro de 2014

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação de preços recebidos pelos produtores paulistas) registrou alta de 1,94% no mês de outubro de 2014 em comparação com setembro de 2014. Decompondo-o em grupos de produtos, verifica-se que tanto o IqPR-V (produtos de origem vegetal) como o IqPR-A (produtos de origem animal) valorizaram 1,81% e 2,33%, respectivamente (Tabela 1).

 

Na tabela 1 é apresentado o comportamento das variações nas quatro quadrissemanas de outubro/2014 e do acumulado nos últimos 12 meses. Pode-se notar que todos os índices são positivos. O IqPR apresenta índices crescentes da primeira até a quarta quadrissemana, o mesmo acontece para o IqPR-V (vegetais), enquanto o IqPR-A (animais) inicia com 2,91% (1ª quadrissemana) e recua para 2,33% no final do mês, mesmo assim essa variação é maior que o IqPR (geral).

         Quando a cana-de-açúcar (que em outubro teve retração de 0,37%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral) fecha o mês de outubro/2014 com 4,44%, ou seja, aumentando  2,50 pontos percentuais em relação ao IqPR com cana. Já o IqPR-V sem cana (vegetais) passa de 1,81% e salta para 6,65%, aumento de 4,84 pontos percentuais quando comparado com a cana (Tabela 1).

         Os produtos do IqPR que apresentaram altas nas cotações do mês de outubro/2014 em relação a setembro/2014 foram: tomate para mesa (32,85%), banana nanica (23,22%), feijão (17,11%), batata (10,74%), café (9,03%), carne suína (8,13%), laranja para mesa (7,66%), carne de frango (4,40%), milho (3,12%), carne bovina (3,05%), arroz (1,88%), laranja para  indústria (1,55%) e amendoim (1,52%) (Tabela 2).

 

 


 As condições climáticas com calor e falta de chuva, associadas à dificuldade de irrigação devido ao baixo volume de água, prejudicaram a produção do tomate para mesa elevando os preços recebidos pelos produtores.

         No caso da banana, a seca que atingiu o Vale do Ribeira gerou perdas que diminuíram a oferta do produto no mercado paulista e, consequentemente, elevaram os preços recebidos pelos produtores.

         Para feijão e batata, houve leve redução da oferta que elevou os preços, porém essas variações altas refletem mais nos preços baixos praticados no mês anterior, quando se teve boa produção.

         No café, a anomalia climática, incidente no primeiro trimestre de 2014 (e que se mantém com o início da Primavera) sobre os principais cinturões cafeicultores, impôs prejuízos à formação e ao enchimento dos frutos com diminuição da peneira, má formação e chochamento das sementes. Em razão dessa ocorrência houve reflexos sobre a precificação do produto por parte dos operadores do mercado (nacional e internacional), estabelecendo fortes altas em suas cotações.

         Para a laranja de mesa, a forte estiagem que acometeu as plantações durante todo o ano de 2014 reduziu a oferta do produto devido à perda da qualidade do fruto, aumentando o preço recebido pela caixa de 40,8 kg comercializada pelos produtores paulistas.

         Na carne bovina, os motivos climáticos diminuíram a disponibilidade de pastagens para os pecuaristas de carne, o que reprimiu a presença de seus produtos no mercado, elevando seus preços na média em 3,05% neste mês.  Na comparação de outubro/2014 com outubro/2013, a carne bovina registra alta de 22,90%.

         Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços foram: trigo (6,43%), soja (4,65%), ovos (2,51%), algodão (1,81%), leite cru resfriado (0,63%) e cana-de-açúcar (0,37%) (Tabela 2).

         A queda da cotação do trigo (commodity) é reflexo da boa produção na Argentina, Uruguai e Paraguai, onde parte do trigo é exportada para o Brasil afetando os preços internos. Para soja e algodão, também commodities agrícolas, a produção mundial mais os estoques estão acima do que se espera consumir, tal fato interfere nas bolsas internacionais e derrubam os preços internos recebidos pelos produtores.

         Em resumo, no mês de outubro, 13 produtos apresentaram alta de preços (10 de origem vegetal e 3 de origem animal) e 6 apresentaram queda (4 vegetais e 2 de origem animal).

- Acumulado nos últimos 12 meses

         No acumulado dos últimos 12 meses (outubro/2013 a outubro/2014), o IqPR registrou variação positiva de 11,16%. O IqPR-V (produtos vegetais) e o IqPR-A (animal), valorizaram no acumulado, respectivamente, 11,94% e 8,22%. Sem o produto cana-de-açúcar (cujo valor do ATR teve variação positiva de 4,46% na comparação de outubro/2014 com outubro/2013), os índices acumulados tiveram maior valorização: o IqPR sobe para 17,98% e o IqPR-V (vegetais) apresenta 27,40% de aumento, ou seja, contribuíram para esse elevado índice as variações positivas de preços dos produtos vegetais (café, laranjas e tomate) com ponderações mais expressivas para o cálculo  (Tabela 1).

         Na figura 1, observa-se o comportamento das variações dos índices. O IqPR (linha azul contínua) mantém a tendência de crescimento, influenciado pela variação mensal positiva do ATR da cana até maio, e pelas quebras de produção ocasionadas pela anomalia climática. A partir de junho e julho, com variações negativas para a maioria dos produtos de origem animal e vegetal e a desvalorização do ATR, o índice geral inverte seu direcionamento, tendencialmente para baixo, sendo que nos meses de agosto a outubro/2014 apresentam ligeira recuperação. Já o IqPR sem a cana (linha azul tracejada) segue o mesmo comportamento do IqPR com cana, porém com maiores oscilações, tanto para as baixas como para as altas. Contudo, nota-se que o índice sem a cana (IqPR sem cana) está valorizado em 6,82 pontos percentuais em relação ao IqPR (com cana). Essa diferença demonstra como os índices agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelos preços da cana-de-açúcar.

         Na comparação de outubro/2014 com outubro/2013, 8 produtos apresentaram variações positivas, enquanto 11 tiveram variações negativas. Os produtos que tiveram preços com incrementos em patamares mais elevados que a inflação acumulada nos últimos 12 meses, medidos pelo IPCA-IBGE em 6,59%, são os seguintes: café (92,25%), tomate para mesa (36,66%), laranja para indústria (24,95%), carne bovina (22,90%), laranja para mesa (19,65%), carne suína (18,64%) e arroz (10,48%). O valor do ATR da cana-de-açúcar (4,46%) apresentou variação positiva abaixo da inflação acumulada nos últimos 12 meses (Tabela 2).

          

         Já os produtos que apresentaram reduções de preços nos últimos 12 meses foram: batata (48,90%), trigo (42,57%), feijão (31,04%), algodão (22,21%), ovos (17,53%), soja (14,92%), banana nanica (7,23%), leite cru resfriado (7,08%), carne de frango (3,66%), milho (2,04%) e amendoim (1,53%) (Tabela 2).

 

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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/10/2014 a 31/10/2014 e base = 01/09/2014 a 30/09/2014.

²Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/ver Texto.php?codTexto=9573>. Aces­so em: nov. 2014. 

Palavras-chave: IqPR, índice agricultura, preços agrícolas, quadrissemana.

Data de Publicação: 19/11/2014

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor