Amendoim: alta na produção e nas exportações

Nos últimos anos, a cultura do amendoim, paulista na sua essência1, vem aprimorando processos de produção, beneficiamento, industrialização e comercialização de seus produtos. Os desafios e as conquistas dessa cultura continuam na busca por novos caminhos com reflexos no incremento da produção e no aumento dos volumes exportados.

Ao se considerar a produção no Estado de São Paulo, é possível observar que no período de 2005 a 2010 os volumes produzidos atingiram a média de 195 mil toneladas ao ano. Já para o período de 2011 a 2016, a média alcançou 312 mil toneladas ao ano. Essa condição positiva está vinculada aos ganhos em produtividade média, que parte de 2,54 t/ha em 2005 e, em 2015, atinge 3,34 t/ha, correspondendo ao aumento de mais de 30% num intervalo de dez anos. Para a área plantada vinculada principalmente à renovação dos canaviais, em 2005 as lavouras paulistas de amendoim, em seus dois plantios, ocuparam 83,4 mil hectares e, em 2015, somaram 110,5 mil hectares (Figura 1).



A tendência de expansão da produção paulista, com exceção para o ano 2014, fortemente influenciado pela seca2, também é observada em 2016. Segundo o Levantamento de Estimativas e Previsões de Safra de junho de 2016, do Instituto de Economia Agrícola e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (IEA/CATI), o plantio das águas, que responde por praticamente o total da safra, quando comparado ao ano de 2015, foi 5,6% superior em área plantada e registrou aumento de 12,3% na produção3, encerrando a safra 2015/16 em 402 mil toneladas produzidas.

         O avanço da produção está vinculado ao mercado externo e a padrões de qualidade presentes, especialmente, no comércio do amendoim descascado e do óleo de amendoim, com destaque para o mercado europeu. Conforme pode ser observado na figura 2, os volumes exportados do amendoim descascado são crescentes. Em 2008, foram exportadas mais de 44 mil toneladas; cinco anos depois, praticamente o dobro, 81 mil toneladas, e, em 2015, 97 mil toneladas, 20% superior às exportações de 2013. Para os valores, os anos de 2012, 2013 e 2014 apresentaram cotações superiores às registradas em 2015, quando as exportações registraram US$113 milhões, próximo aos valores observados em 2013.


 

Para o óleo de amendoim, a partir de 2011, os volumes exportados também são crescentes, registrando 58 mil toneladas em 2015, destinadas ao mercado Asiático e Europeu. Quando considerados os valores, novamente os anos de 2012 e 2013 são favoráveis quando comparados a 2014, assim como, ao ano de 2015 que alcançou US$ 73 milhões em exportações de óleo de amendoim. O ano de 2012 apresenta a melhor relação entre valores e volumes, quando foram exportadas 38 mil toneladas para US$ 85 milhões (Figura 3).


 

Em 2016 a dinâmica das exportações de amendoim descascado aproveitou o aumento da produção, tanto assim, que quando considerado o período de janeiro a setembro de 2016, as exportações somam 86 mil toneladas que correspondem a 92% do total exportado durante todo o ano de 2015. Para o óleo de amendoim, o mesmo período apresenta retração nos volumes exportados quando comparados aos anos de 2015 e 2016. Dessa forma, observa-se retração de 11% nos volumes exportados de 2016, porém a partir de cotações superiores às registradas em 2015 (Tabela 1).

 

 

O ritmo das exportações do amendoim descascado e do óleo de amendoim imprime elementos importantes nas condições do mercado interno e influencia a construção dos preços médios recebidos pelos produtores. Esse processo, observado no intervalo de 12 meses, pontuando o mês de setembro de 2015 e o mês de setembro de 2016, resultou no aumento de 83% nos valores nominais das cotações desses preços. As condições de alta estão presentes a partir de março de 2016, quando da colheita do plantio das águas da safra 2015/16, sinalizando a redução dos estoques frente ao posicionamento das vendas, principalmente, no mercado externo (Figura 4).


 

Esse cenário de alta nos preços médios recebidos pelos produtores e de condições favoráveis às exportações, de um lado, constrói boas perspectivas para a safra 2016/17. De outro, apresenta não só riscos da atividade, mas também os custos dos insumos, os valores de arrendamento, assim como a disponibilidade das áreas em renovação de canaviais para o plantio das lavouras do amendoim.


____________________________________________________________

1Cabe destacar que historicamente o Estado de São Paulo responde pela maior parte da produção brasileira de amendoim. Desde 2012, a produção paulista representa 90% da brasileira, superando os percentuais registrados no período de 2005 a 2011 que variaram entre 75% e 80% do total brasileiro. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB, Amendoim. Séries históricas, Brasília: CONAB. Disponível em: <http://www.conab.
gov.br/conteudos.php?a=1252&t>. Acesso em: 17 out. 2016.

 

2INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados, São Paulo: IEA. Disponível em: <http://www.
iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em: 17 out. 2016.

3BUENO, C. R. F. et al. Anomalia climática e seus efeitos sobre as lavouras paulistas. Análise e Indicadores do Agronegócio, v. 9, n. 2, fev. 2014. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-04-2014.pdf>. Acesso em: 17 out. 2016.

 

Palavras-chave: safra 2016/17, renovação de canaviais, grãos, castanhas.

Data de Publicação: 04/11/2016

Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor