Estimativa da Produção Animal no Estado de São Paulo em 2018

A Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA) realizou por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), entre 1 e 20 de novembro de 2018, o segundo levantamento das previsões de produção animal para o Estado de São Paulo. O referido levantamento, por município, para o Estado de São Paulo, realizado anualmente, indica as estimativas finais para o ano de 2018 da produção animal e área de pastagem.

Os dados indicam que a área total de pastagem no estado apresentou queda em 2018 (2,8%), atingindo 6,7 milhões de hectares, provavelmente em função da perda de área para a produção vegetal (Figura 1).


 

A figura 2 mostra uma inclinação negativa, indicando queda em relação à 2017 nas áreas dos dois tipos principais de pastagem: cultivada (2,7%) e naturais (2,8%).

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A estimativa para o número total de bovinos no Estado de São Paulo foi de 10,4 milhões de cabeças, decréscimo de 1,0% em relação a 2017 (Figura 3). Os dados desagregados, e classificados por aptidão do rebanho, mostram que o número de bovinos de corte apresenta aumento de 2,6 %, totalizando 6,4 milhões de cabeças. Os números também mostram uma redução de 6,6% no número de bovinos destinados à produção de leite em relação ao ano anterior, totalizando 1,1 milhão de cabeças, e na categoria gado misto um decréscimo de 6,2% em 2018, atingindo 2,8 milhões de cabeças. Os números do rebanho paulista de bovinos no agregado, corte, leite e misto vem oscilando na casa dos 10 milhões de cabeças nos últimos anos. Este aparente equilíbrio no número de animais carrega os descompassos entre as duas categorias, corte e leite. A demanda pelo setor de beneficiamento (laticínios e frigoríficos) e a oferta pelos produtores têm dificuldades de ajustar seus números ante as necessidades de aumento de produção no Estado de São Paulo. A queda no número de animais da categoria misto, sem a especialização no ganho de peso ou na produção de leite, parece refletir a dificuldade de lidar com margens de retorno menores, pois o rebanho misto é característico de pequenas e médias criações. São animais que normalmente têm baixos índices zootécnicos e econômicos. Da mesma forma, o segmento leiteiro também reduz seus animais, provavelmente em decorrência dos seus custos, fixos e variáveis, crescentes além da importação de leite de outros estados, que são obstáculos à permanência na atividade para os pequenos e médios produtores.

 

Em 2018, foi estimado que 3,7 milhões de cabeças estavam prontas para o abate, representando potencialmente uma oferta de 945,5 mil toneladas de carne bovina (Figura 4), praticamente o mesmo número que o estimado em 2017. O número de animais encaminhados ou por encaminhar ao abate em 2018 foi praticamente o mesmo de 2017, tendo como base a expectativa de abate sobre o número total de bovinos no estado.


 

A produção leiteira em 2018 foi de aproximadamente 1,7 bilhão de litros (Figura 5), aumento de 7,0% em relação ao ano anterior, apesar da redução do plantel leiteiro no Estado de São Paulo. O produtor de leite paulista, mais especializado, parece aumentar o rendimento de litros de leite por animal por meio da melhoria dos índices de produtividade ligados à genética, nutrição animal e também pela melhor gestão da atividade. 

 

Com relação à produção paulista de aves para postura, as estatísticas indicam um plantel de cerca 51,9 milhões de cabeças em 2018. A produção de ovos, em 2018 apresentou um crescimento de 8,8% em relação à 2017, totalizando 1,2 bilhão de dúzias (Figura 6). Esse crescimento no volume de produção pode estar relacionado ao fato de que proteínas mais acessíveis nos períodos de queda no poder aquisitivo tornam-se mais interessantes para o equilíbrio do orçamento familiar. Desse modo o descarte de poedeiras pode ser adiado com o objetivo de aumentar a produção. Somando-se as aves novas que entrem no ciclo produtivo e as aves que seriam descartadas e que são mantidas por mais um período para continuar a produzir, o resultado pode ser este aumento.


 

A produção paulista de aves para corte em 2018 aponta para a existência de um plantel de 115,9 milhões de cabeças alojadas e um total de abate previsto em 591 milhões de cabeças, equivalendo a uma oferta de 1,3 milhão de toneladas de frango (Figura 7), em peso vivo, que representa um decréscimo de 11,1% sobre o volume de 2017. A redução na produção de frangos no Estado de São Paulo em 2018 parece estar relacionada com o ano conturbado tanto para o setor de abate paulista como o setor de criação que enfrentaram crises nos dois últimos anos no setor de transportes com a greve dos caminhoneiros, e no aspecto sanitário com a suspensão de algumas plantas frigoríficas por problemas
de contaminação de lotes de alguns produtos. O primeiro fator levou a muitas perdas econômicas diretas, e o segundo a perdas nas exportações e impactos negativos no mercado interno
 


 

A previsão do efetivo de suínos no estado é da ordem de 894,2 mil cabeças. Os animais previstos para o abate totalizaram 1,3 milhão de cabeças, resultando em produção de 103,9 mil toneladas de carne (Figura 8), aumento da ordem de 8,4 % em relação ao ano anterior, recuperando a queda na produção de carne suína verificada em 2017 no Estado de São Paulo. A produção de suínos no Estado de São Paulo tem a difícil tarefa de lidar com custos altos e uma demanda dividida entre carne bovina e carne de frango.

 

Em resumo, a produção pecuária do Estado de São Paulo segue estável em relação aos números apresentados nos últimos seis anos, enfrentando, porém, dificuldades em cada uma dessas atividades. A bovinocultura de corte e leite, a avicultura de corte e de postura, e a suinocultura paulista apresentam diferentes composições de produtores em cada um destes segmentos. A crescente necessidade de melhora nos índices de produção e nos índices econômicos para cada cadeia (bovinos, aves e suínos) pode estar retirando da base de produção unidades produtivas que não conseguem acompanhar as exigências de cada segmento. A produção de outros estados que complementa a demanda paulista pode ser outro fator que ajuda a atuar de uma forma indireta na estabilidade dos números na pecuária paulista e, por fim, uma demanda altamente dependente da renda em se tratando do complexo de proteínas animais.    

 

 

Palavras-chave: previsão, produção, animal, 2018, Estado de São Paulo.


Data de Publicação: 07/03/2019

Autor(es): Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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