Preços Recebidos Pela Agropecuária Paulista Continuam em Alta Desacelerada na Primeira Quinzena de Abril



O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 registrou desaceleração em seus reajustes ao subir 1,62% na segunda quadrissemana do mês de abril de 2019. Separado por grupos de produtos, o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) fecharam com altas respectivas de 0,14 e 4,91% (Tabela 1). Nessa mesma tabela são apresentadas as variações das três últimas quadrissemanas de março e as duas primeiras de abril/2019 para os índices calculados “com a cana-de-açúcar” e “sem a cana-de-açúcar”. Verifica-se que em todos esses intervalos quadrissemanais houve variações positivas de todos os indicadores. Destaca-se que após um pico de altas entre a primeira e a segunda semana de março, praticamente todos os indicadores (exceto os produtos de origem animal – IqPR-A) apresentaram um arrefecimento nas semanas subsequentes, o que indica uma desaceleração que está dando encaminhamento para reajustes menores.

Quando a cana-de-açúcar (que teve pequena baixa de 0,66% na segunda semana de abril) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, a alta do IqPR (sem cana) alcança um valor percentual maior, de 3,48%. Já o IqPR-V sem cana subiu em 1,63%. Destaca-se nessa comparação o peso que a cana de açúcar exerce no cálculo ponderado do índice vegetal (Tabela 1).

A maioria dos produtos que compõem o IqPR se manteve em alta na segunda semana do mês de abril/2019 em relação à segunda semana de março/2019. Destacaram-se nesse intervalo: tomate para mesa (29,75%), banana nanica (18,86%), carne de frango (11,92%), laranja para indústria (6,35%) e carne suína (6,02%) (Tabela 2).


Perdas oriundas das chuvas de fevereiro - que acometeram os tomates para a mesa produzidos no Estado de São Paulo com doenças bacterianas - reduziram ainda mais a oferta do produto, o que gerou uma elevação de quase 30% nos preços médios recebidos pelos produtores de meados de março a meados de abril.

A redução da oferta da banana nanica frente ao colocado de maneira concentrada no mercado, com o adiantamento da colheita ocasionado pelo calor e as chuvas de fevereiro, levaram a uma ascensão dos valores médios recebidos no início de abril pelos bananicultores no Vale do Ribeira.

No que se refere às carnes de frango, os aumentos dos embarques para exportação reduziram a oferta do produto no mercado interno, o que reajustou os preços recebidos pelos produtores.

Estes foram os produtos analisados que mais reduziram seus preços entre a segunda semana de março/2019 e a segunda semana de abril/2019: feijão (29,35%), batata (18,64%) e milho (5,86%).

Após uma quebra de produção da 1ª safra devido à estiagem visualizada no último verão do Centro-Sul e a redução das áreas com a preferência pela produção de soja nessa época do ano, o período entre final de março e o começo de abril apresentou um maior volume de feijão carioca negociado a preços mais baixos no comparativo com fevereiro. Somado à dimensão daquilo que entrará no mercado com o início da 2ª safra do produto no Centro-Sul do país, o indicativo que se faz é de uma volta à normalidade e equilíbrio de mercado para os próximos meses.

Após o período de altas precipitações na segunda metade de fevereiro que retardou o ritmo das colheitas e encareceu os preços da batata na roça, um novo fluxo de oferta se expandiu com a pequena estiagem no final de março. Regiões produtivas como Avaré iniciaram abril vendendo a saca de 50 kg a menos de R$100. Contudo, com a demanda aquecida na Semana Santa, espera-se uma desaceleração na queda dos preços para os próximos dias.   

Dados do relatório do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgados no último dia 09 de abril, ao informarem sobre-elevação das estimativas dos estoques de milho no mundo, interferiram nas cotações físicas da commoditie para baixo, o que pode arrefecer os ânimos dos produtores brasileiros.   

Do conjunto analisado, 13 produtos apresentaram alta de preços (8 de origem vegetal e 5 de animal) e 6 tiveram queda (todos de origem vegetal).

  

1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/03/2019 a 15/04/2019 e base = 15/02/2018 a 15/03/2018.

 

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573. Acesso em: 12 mar. 2019.

 

Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.

Data de Publicação: 23/04/2019

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor