Amendoim: alta de 46% nas exportações em 2020


Em 2020, a soma das exportações de diferentes mercadorias com origem na produção de amendoim, quando comparada a de 2019, indica aumento de 46% nos valores e de 31% para os volumes exportados. Esses resultados foram obtidos a partir da produção paulista e do desempenho da comercialização do amendoim em grão, mercadoria que, em 2020, respondeu por 72% do total das exportações.

Nos últimos cinco anos, o amendoim descascado tem avançado na quantidade e também nos valores exportados. Na figura 1 é possível observar que, entre 2016 e 2020, as exportações aumentaram seus volumes em 245%, passando de 106 mil toneladas para 259 mil toneladas. Quando considerados os valores, essa mesma relação revela incremento de 265%, indicando a valorização da mercadoria.

As altas cotações ocorreram entre os anos de 2017 e 2020, particularmente no último ano, marcado por retração econômica em diferentes segmentos de produção frente à pandemia da covid-19. O comparativo entre 2019 e 2020 para o amendoim descascado aponta aumento de 38% nos valores exportados e de 31% para os volumes, atingindo US$319 milhões para 259 mil toneladas, considerado o melhor cenário para o produto nas últimas décadas1.

Esses resultados para o amendoim em grão acompanharam o movimento de alta registrado, na comparação entre 2019 e 2020, por outros produtos que ocupam espaço importante na pauta de exportações do agronegócio paulista. No complexo soja são verificados aumentos de 17% nos valores exportados e de 18% para os volumes; o produto em grão é também a principal mercadoria da pauta de exportações2.

Já no complexo sucroalcooleiro, em especial os açúcares bruto e refinado, e em menor impacto o etanol, contribuíram para o incremento de 56% nos valores e 67% para os volumes. Também acompanharam o movimento de alta nos valores e volumes exportados pelo agronegócio paulista a carne bovina, carne suína e o café3. Quando observadas as exportações brasileiras, os mencionados produtos na mesma condição de alta são somados ao algodão, aos produtos florestais e ao arroz4.

Em 2020 foram mantidos os principais destinos para o amendoim em grão, com destaque para Rússia, com 39% dos volumes exportados, seguida de Argélia com 13%, Holanda (Países Baixos) com 10%, e Ucrânia com 6%; os quatro países são parte de um universo composto por mais de 75 nações. Nessa movimentação é importante pontuar que as cotações para a Holanda são, em média, 19% superiores que as registradas para a Rússia, indicando o posicionamento do produto em determinados padrões de qualidade. Cabe ainda colocar a participação, entre 4% e 3%, de países como Polônia, África do Sul e Colômbia.

Os mercados para o amendoim em grão em 2020 foram atendidos por exportações com origem nos municípios paulistas de Tupã, que respondeu por 26% do total exportado, seguido por Borborema com 17%, Jaboticabal com 11%, e Pompéia e Sertãozinho, ambos com 7%. Outros municípios, como Herculândia, Marília, Ribeirão Preto e Taquaritinga, também foram importantes na composição das exportações de amendoim em grão.

Quando observados os destinos, é possível verificar que a Rússia recebeu amendoim em grão dos principais municípios exportadores, e Borborema se destaca como origem de 23% do total, seguido dos municípios de Tupã com 20%, e Jaboticabal com 10%. Já a Argélia tem nos municípios de Borborema (31%), Herculândia (13%) e Pompéia (9%) seus principais fornecedores. Para a Holanda, dois municípios foram responsáveis por mais de 80% do total exportado: Tupã com 47% e Sertãozinho com 35%5.

Outra mercadoria importante, o óleo de amendoim em bruto, representou em 2020 pouco mais de 21% da soma total, em valores, das mercadorias exportadas com origem na produção de amendoim. Conforme a figura 2, no período de 2016 a 2019, as exportações de óleo de amendoim em bruto mantiveram em média 43 mil toneladas ao ano; entretanto, os anos de 2017 e 2019 apresentam volumes entre 37 mil toneladas e 39 mil toneladas. Já em 2020 os volumes exportados ultrapassam 56 mil toneladas, 44% superior ao ano anterior. Esse percentual, somado às cotações em alta do produto, resultou em aumento de 99% nos valores exportados, totalizando US$93 milhões6.

 

Em 2020, os destinos de óleo de amendoim em bruto somaram 30 países, porém, China e Itália representaram 99% das exportações, respectivamente 74% e 25%. Os mesmos países foram os dois únicos destinos das exportações da mercadoria outros óleos de amendoim. Quando comparados a 2019, os volumes exportados foram 15% superiores, sendo registrado aumento de 66% para os valores, totalizando assim, em 2020, 11 mil toneladas e US$18 milhões7.

A origem das exportações das duas mercadorias voltadas ao óleo de amendoim está concentrada em quatro municípios paulistas: Catanduva, Jaboticabal, Paraguaçu Paulista e São Paulo. Juntos eles respondem por mais de 90% das exportações. Quando considerados os destinos, a China recebeu 32% do óleo de amendoim com origem no município de São Paulo, seguido por Catanduva com 28%, Jaboticabal com 17% e Paraguaçu Paulista com 13%, assim como os municípios de Borborema e Bariri, com 5% e 3%, respectivamente. Já o mercado italiano foi atendido pelo principalmente por Catanduva (80%) e Jaboticabal (16%).

O amendoim em grão e o óleo de amendoim em seus dois registros de mercadorias responderam por 93% das exportações com base na produção de amendoim no ano de 2020. Porém, outras mercadorias também estão vinculadas, como as tortas e outros resíduos sólidos resultantes da extração do óleo, e o amendoim para semeadura; juntos, representaram pouco mais de US$2,4 milhões em exportações. Somam-se a esse grupo os amendoins preparados ou conservados com, aproximadamente, US$10 milhões em exportações, 12% inferior ao total registrado em 20198.

As exportações alavancadas superaram as expectativas tanto com ênfase nos volumes exportados quanto nas cotações. Os padrões impressos no mercado externo têm reflexos importantes nas cotações exercidas no mercado interno, tanto assim que, considerando os meses de dezembro 2019 e dezembro de 2020, os preços médios recebidos pelos produtores, para a saca de 25 kg de amendoim em casca, acumularam alta de 70%9.

A cotação em alta para o produto em casca, associada à safra recorde colhida em 2020, resultou no aumento de 50% no Valor da Produção Agropecuária (VPA) do amendoim em relação ao ano anterior. A renda ao produtor totalizou R$1,5 bilhão, colocando o amendoim na 11ª posição dentre os 50 principais produtos que formam o VPA paulista, superando assim a 17ª posição alcançada em 201910.

A valorização do produto, acompanhada da alta nos preços dos insumos e das chuvas irregulares11, pontuou o plantio da safra paulista 2020/21. O Estado São Paulo, que responde por 90% da produção nacional e por praticamente 100% das exportações, inicia a colheita do amendoim no mês de fevereiro, com expectativa de aumento da produção.

 

  

1MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS. Sistema ComexStat. Brasília: MICES, 2020. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home. Acesso em: 26 jan. 2021.

 

2ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M.; GHOBRIL, C. N. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro de 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 1, jan. 2021, p. 1-16. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14885. Acesso em: Acesso em: 27 fev. 2021.

 

3Op. cit. nota 2.

 

4KRETER, A. C.; SOUZA JÚNIOR, J. R. C. Carta de Conjuntura, Agropecuária – Economia Agrícola. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Brasília, n. 49, Nota 21, 4º trimestre de 2020. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/201124_cc_49_nota_21_agropecuaria.pdf. Acesso em 26 jan. 2021.

 

5Op. cit. nota 1.

 

6Op. cit. nota 1.

 

7Op. cit. nota 1.

 

8Op. cit. nota 1.

 

9BINI, D. L. de C.; PINATTI, E.; MIURA, M. Dezembro apresenta queda de 0,50% nos preços agropecuários no estado de São Paulo - índice acumulado de 2020 tem alta de 34,41%. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 1, jan. 2021, p. 1-5. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14884. Acesso em: 28 jan. 2021.

 

10SILVA, J. R. da. et al. Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo: resultado preliminar 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 15, n. 12, dez. 2020, p. 1-7. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14876. Acesso em: 5 fev. 2021.

 

11SAMPAIO, R. M. Amendoim: as expectativas continuam em 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 15, n. 11, nov. 2020, p. 1-4. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14864. Acesso em: 5 fev. 2021. 

 

Palavras-chave: comércio exterior, safra 2020/21, grãos, óleos vegetais.


 

 

  

COMO CITAR ESTE ARTIGO

SAMPAIO, R. M. Amendoim: alta de 46% nas exportações em 2020. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 2, fev. 2021, p. 1-5. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 17/02/2021

Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor