Amendoim descascado: o destaque nas exportações da cadeia de produção

            As exportações das principais mercadorias da cadeia de produção do amendoim foram mantidas nos últimos três anos. O carro-chefe foi o amendoim descascado1 cujos volumes exportados em 2005 aumentaram 58% em relação a 2004, perdendo um pouco de fôlego em 2006, quando sofreram uma queda de 16% em comparação com o ano de 2005 (tabela 1).

Tabela 1 – Exportações de mercadorias da cadeia de produção do amendoim, Estado de São Paulo

Mercadoria
2004
2005
2006
US$ (mil)
Volume (t)
US$ (mil)
Volume (t)
US$ (mil)
Volume (t)
Amendoim com casca
2.622
3.412
2.123
2.877
836
894
Amendoim descascado
23.477
35.297
31.792
55.880
25.366
46.873
Amendoim preparado
353
213
285
234
879
576
Óleo bruto amendoim
6.602
6.740
15.741
17.824
13.498
16.376
Óleo refinado amendoim
1.895
1.970
2.526
2.700
1.179
1.453

Fonte: Elaborada com dados básicos da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (SECEX/MDIC)


            Entre 2004 e 2005, os valores exportados registram incremento de 35% e, em 2006, houve redução de 20% quando comparado com o ano anterior.
            Os principais destinos das exportações paulistas de amendoim descascado são os países da União Européia, em especial Alemanha, Espanha, Itália, Reino Unido e Holanda. Outros países também se destacam como Canadá, México, Peru e Rússia.
            Ainda nas exportações de amendoim em grão, observa-se em 2006 a redução das exportações do produto em casca1 e a expansão do comércio para o grão preparado de maior valor agregado (figura 1).


Figura 1 – Exportações de amendoim com casca e preparado, Estado de São Paulo

 

Fonte: Elaborada com dados básicos da SECEX/MDIC


            Em 2004, o volume exportado de amendoim em casca era praticamente dezessete vezes maior que o volume exportado de amendoim preparado. Porém, em 2006, essa diferença caiu para 1,5 e, quando observados os valores exportados, em 2004 e 2005 o amendoim com casca era cerca de seis vezes maior que o amendoim preparado. Já em 2006 as exportações de amendoim preparado somaram US$ 880 mil e o produto em casca, cerca de US$ 836 mil.
            Essa dinâmica nas exportações do amendoim em grão vem ao encontro dos investimentos feitos pelas cooperativas de produtores. É o caso da instalação da Unidade de Blancheamento de Amendoim na COPLANA2, cujas atividades foram iniciadas em outubro de 2006.
            Na técnica de blancheamento, o amendoim com película é submetido a aumento de temperatura, o que provoca a expansão do grão. Em seguida, é submetido à diminuição de temperatura com ar frio, levando à contração. A película se solta do endosperma (grão) e, na etapa seguinte, é retirada por abrasão (lixamento). Todas as etapas são realizadas sem contato manual3.
            O investimento visa melhorar a remuneração ao cooperado, atender às exigências da indústria confeiteira nacional e ampliar o espaço no mercado internacional. Contou com equipamentos importados da Argentina, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, além de treinamento dos funcionários e do aperfeiçoamento da gestão da qualidade3.
            As exportações paulistas de amendoim em casca são destinadas principalmente à Espanha, Guadalupe, Itália, Holanda e Uruguai. Já no caso do amendoim preparado os destinos mais relevantes são: Canadá; Chile; Estados Unidos; Israel; Japão; Holanda; Panamá; Peru; Reino Unido; Uruguai e Venezuela.
            As exportações de óleo1 bruto e refinado, após forte incremento entre 2004 e 2005, foram mantidas no período 2005-2006. Em 2006, o volume exportado para as duas mercadorias foi de 18 mil toneladas, cerca de 15% a menos que o volume exportado em 2005. Quando da comparação dos valores, a redução fica em torno de 20% (tabela 1).
            Quanto às importações de amendoim descascado, o ano de 2006 encerrou com US$ 921 mil, acumulados durante o período de julho a dezembro. Comportamento que não existiu nos anos de 2004 e 2005, mas que vem sendo mantido nos meses de janeiro e fevereiro de 2007, que juntos já acumulam US$ 382 mil. Já no caso do produto preparado, quando comparados os anos de 2004, 2005 e 2006, as importações registram reduções anuais variando de 46% a 41% (tabela 2).



            As importações, em especial do amendoim descascado, refletem em parte a busca da indústria confeiteira pelo produto com preços mais acessíveis. Isto ocorre uma vez que os contratos de exportação vêm sendo mantidos - os valores exportados do produto já somam US$ 3,8 milhões nos dois primeiros meses de 2007 - e a safra 2005/06 não alcançou os níveis de produção registrados nas safras 2003/04 e 2004/05. A conseqüência foi a redução da oferta4 e a elevação nos preços praticados no mercado interno.
            As previsões para a safra 2006/07 do amendoim das águas no Estado de São Paulo, apontam redução no volume produzido. Assim, a produção mantém comportamento similar ao da safra 2005/06, com pequena redução na área plantada, como reflexo da redução da área de reforma de canaviais, pois é aí que o amendoim encontra espaço para sua produção.
            Essa situação está presente, apesar de o preço do amendoim nos últimos meses de 2006 ter registrado alta em virtude da baixa oferta4 e também pelos bons níveis de produtividade alcançados nas últimas safras. Ainda assim, não houve expansão da área plantada.
            Dessa forma, o 2º levantamento (novembro/2006) da Previsão de Safras do Instituto de Economia Agrícola (IEA) estima produção da safra de amendoim das águas 2006/07, a principal do estado de São Paulo, em torno de 154 mil toneladas. Isto significa uma redução de 5% em relação à estimativa referente ao mesmo levantamento da safra 2005/06, embora a área plantada tenha permanecido em torno de 57 mil hectares.
            Já a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)5 aponta que a produção brasileira de amendoim, na safra 2006/07, deverá ser 12% menor que a anterior. No caso da área plantada, a redução é estimada em 14%, isso considerando apenas a 1a safra do ano agrícola e o 6º levantamento (março/2007).
            Porém, o Estado São Paulo é o principal produtor nacional de amendoim, o que torna necessário observar as estimativas correspondentes ao levantamento final da safra das águas. É que a colheita, embora iniciada em fevereiro, em algumas regiões é concluída no mês de março.
            Grande parte dos produtores paulistas de amendoim tem procurado investir na produção, buscando apoio técnico e financeiro junto às cooperativas. Além disso, a safra contou com condições climáticas favoráveis nas principais regiões produtoras do Estado6.
            Assim, as expectativas são de que com o final da colheita o volume de produção alcance patamares mais elevados, a partir do incremento em produtividade, e desta forma permita expandir a posição de São Paulo frente ao mercado internacional.7

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1 De acordo com os códigos das Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), tem-se amendoim com casca (1202.10.00); amendoim descascado (1202.2090); óleo bruto de amendoim (1508.10.00); outros óleos de amendoim (1508.90.00) e amendoim preparado (2008.11.00).
2 COPLANA- Cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba
3 Coplana inaugura "Unidade de Blancheamento de Amendoim", Revista Coplana, setembro/outubro 2006.
4 Baixa oferta aumenta 39,5% o preço da saca do amendoim, Revista Canavieiros, novembro de 2006.
5 CONAB: www.conab.gov.br
6 Projeto Amendoim deverá aumentar a produção em 87,5%, Revista Canavieiros, dezembro de 2006.
7 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-24/2007.


Data de Publicação: 30/03/2007

Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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