Estimativa da Safra de Laranja no Estado de São Paulo Ano Safra 2013/14

O resultado da estimativa de safra de laranja, no Estado de São Paulo, é produto de parceria entre a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (SAA), por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), e a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), pertencente ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A metodologia para obtenção das informações baseia-se em desenho de amostra probabilística estratificada, segundo Camargo e Francisco1. Porém algumas modificações são necessárias como a distribuição do número de elementos nos estratos aleatórios que é realizada no sistema de referência constituído pelo Projeto LUPA2, resultando em uma amostra de 613 elementos, distribuídos no Estado de São Paulo.

As informações têm como período de referência a safra 2013/14 e a coleta de dados ocorreu no mês de novembro de 2013, mediante aplicação de questionário estruturado, junto ao responsável pela unidade de produção agrícola (UPA).

Os números finais para a cultura da laranja, referentes ao ano safra 2013/14, resultaram em uma produção comercial de 268,6 milhões de caixas de 40,8 kg para o Estado de São Paulo. Deste total foi estimado que o volume da fruta destinada à moagem industrial foi de 215,3 milhões de caixas de 40,8 kg e a produção de laranja para comercialização in natura foi de 53,3 milhões de caixas de 40,8 kg. Desse volume para comercialização não estão incluídos 17,8 milhões de caixas de 40,8 kg que corresponde à produção de pomares não expressivos economicamente e as perdas relativas ao processo produtivo e colheita.

Estima-se que da produção comercial, 80% foram destinados às indústrias processadoras de suco e 20% tiveram como destino o mercado in natura. Os percentuais para o comércio de fruta in natura foram superiores aos obtidos nos levantamentos anteriores, devido à dificuldade em comercializar as frutas com a indústria. Os citricultores optaram por colocar parte da produção, que antes tinha como destino a moagem, no mercado in natura em busca não somente de melhores preços, mas sendo essa a única maneira encontrada para escoar a produção (Tabela 1).


 

O Estado de São Paulo possui, para a atual safra, aproximadamente 10.100 citricultores, cujos pomares totalizam 170,6 milhões de plantas em produção, em uma área de 464,4 mil hectares e 23,0 milhões de pés ainda sem produção, em uma área de 37,3 mil hectares.

Quando avaliados todos os levantamentos realizados pela CONAB/CATI/IEA desde julho de 2010, nota-se que houve queda de aproximadamente 38% no número de citricultores paulistas no período. Essa diminuição vem ocorrendo paulatinamente nos últimos anos e muitas foram as variáveis que colaboraram para tal fato. Nota-se, no entanto, que uma queda acentuada ocorre entre os levantamentos de julho de 2011 e novembro de 2013, o que pode levar à ilação de que a crise vivida pelo setor em 2012 foi um marco na citricultura paulista, impulsionando a tomada de decisão dos citricultores em abandonar a cultura.

O impacto da crise que o setor vem vivendo na competitividade e perfil da citricultura paulista para os próximos anos ainda não se pode de fato ser medida, mas já é notado nos indicadores socioeconômicos das regiões produtoras. Outro ponto ressaltado pelo levantamento foi a tendência de mudança do tipo de exploração agrícola nas propriedades de citros, principalmente as pequenas e médias, que antes tinham como principal característica a monocultura, para a diversificação das atividades agrícolas.

No levantamento de campo foi apurada a diminuição no número de viveiros de citros no estado, a migração dos citricultores para outras culturas, o impacto do endividamento dos citricultores no comércio dos municípios, assim como nas revendas de produtos agropecuários.

Nesta safra (2013/14), o mercado de citros reagiu quando comparado à safra passada, aumentando o volume de compra e preço pago ao produtor. Um dos fatores que colaboraram para tal foi o rendimento da fruta que estava abaixo do esperado, sendo necessária a moagem de um número maior de frutos para se obter um produto com teor de sólidos solúveis adequados. O baixo rendimento da fruta está intimamente ligado ao alto índice pluviométrico ocorrido na época de maturação dos frutos.

Contudo a pequena reação do mercado não foi suficiente para que os produtores se reerguessem, pois problemas fitossanitários como o greening e cancro cítrico ocasionaram perdas agronômicas e econômicas irreversíveis para a cultura, o que somado ao impacto do câmbio aumentou o custo de produção da cultura.

O ano de 2011 foi marcado por uma superssafra de laranja, a produção comercial saltou de 322,1 milhões de caixas de 40,8 kg em 2010 para 375,7 milhões de caixas de 40,8 kg, naquele ano.

Essa superssafra teve grande impacto na comercialização da safra seguinte (2012/13), ano da maior crise sentida pela citricultura paulista, por não conseguir comercializar sua produção. A presença dos frutos remanescentes da safra passada (2012/13), durante a florada da atual safra, impactou na diminuição da produção de 2013/14 (Figura 1).

 

Quanto ao número de pés entre o ano de 2011 e 2013 houve uma diminuição de aproximadamente 31,7 milhões de pés de laranja no Estado de São Paulo.

Um novo fator vem surgindo como gargalo para a citricultura paulista nos últimos anos. Não só a influência de fatores climáticos, fitopatológicos e mercadológicos, mas também a concorrência da mão de obra na citricultura com outras atividades mais remuneradoras.

Para a safra 2013/14, a área ocupada com laranja no Estado de São Paulo foi esti­mada em 501,8 mil hectares, sendo a área em produção de 464,4 mil hectares (Tabela 1).

Quanto à densidade de plantio, observa-se que a média nos pomares em produção é de 367 pés por hectare. Nota-se forte tendência ao adensamento nos novos plantios, pois a densidade média, nas áreas ainda sem produção é de 616 pés por hectare. Essa tendência de maior adensamento tem por finalidade aumentar a produtividade por hectare para compensar os altos custos de produção, devido principalmente às despesas diretas do produtor com mão de obra e aumento de número de pulverizações, exigidas por problemas fitossanitários.

O levantamento apontou alto índice de erradicação de pomares na atual safra. Computando os dados da última estimativa da safra 2011/12 e 2013/14 foram erradicados aproximadamente 52,3 mil hectares, correspondendo a 31,1 milhões de árvores, sendo que entre os meses de junho e dezembro de 2013, 16% de toda a área erradicada foi convertida para a cana-de-açúcar, 26% grãos (milho e soja) e 5% outras culturas. Fato interessante é que 53% da área erradicada ainda não teve um fim agrícola, pois os citricultores aguardam os laudos técnicos da CETESB para poder queimar as árvores que foram arrancadas.

No segundo semestre de 2012, em quase todas as regiões produtoras de citros, a abertura das flores foi seguida por períodos de sol intenso e pouca chuva, o que prejudicou o "pegamento" da florada da safra 2013/14. Além disso, a baixa remuneração observada, sobretudo, na safra 2012/13, fez com que citricultores reduzissem os tratos culturais, sendo que alguns deixaram até mesmo de utilizar seus sistemas de irrigação. Na maioria das regiões, a principal florada ocorreu entre o final de julho e setembro de 2012, e o ideal, para o bom desenvolvimento dos chumbinhos, seria que houvesse períodos de sol intercalados com chuva após o aparecimento das flores. Porém, houve estiagem entre os meses de setembro e novembro em muitas cidades produtoras. Nos pomares que contaram com irrigação, os impactos foram minimizados, havendo "pegamento" de boa parte da florada.

O tamanho dos frutos também foi comprometido pela estiagem, o que impactou diretamente na produtividade, pois foi necessário um número maior de frutos em uma caixa de 40,8 kg.

Até o fechamento desta estimativa só havia tido uma florada, o que não possibilita avaliar qual será o comportamento da próxima safra. Nesta primeira florada, apesar de o nível pluviométrico ser adequado para o desenvolvimento dos frutos, as altas temperaturas poderão influenciar na queda dos chumbinhos.

Estima-se produtividade média em 1,57 caixa de 40,8 kg por planta, o que corresponde a 578 caixas por hectares. Em propriedades menores de 300 hectares com laranja, observou-se produtividade de 1,44 caixa de 40,8 kg por planta, o que corresponde a 511 caixas por hectares. Nota-se que com a tendência de adensamento e maiores investimentos nos pomares, as propriedades acima de 300 hectares com laranja apresentaram produtividade de 1,96 caixa de 40,8 kg por planta, o que corresponde a 723 caixas por hectares.

         Para a florada da próxima safra, o segundo semestre do ano de 2013 apresentou padrão pluviométrico com totais acumulados abaixo da média. Quanto à temperatura, os valores registrados foram próximos à média histórica, porém com os extremos se acentuando, intercalando períodos de temperaturas altas com quedas acentuadas.

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1CAMARGO, F. P.; FRANCISCO, V. L. F. S. Estimativa de safra de laranja no Estado de São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo, v. 41, n. 5, maio 2011.

2SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Instituto de Economia Agrícola. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo - LUPA 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2012.

 Palavras-chave: laranja, estimativa, ano safra 2013/14.

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Data de Publicação: 17/12/2013

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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