Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Intenção de Plantio do Ano Agrícola 2017/18 e Levantamento Final Ano Agrícola 2016/17, Setembro de 2017


1 – INTRODUÇÃO

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), realizou entre 1 e 21 de setembro de 2017 o primeiro levantamento para a safra agrícola 2017/18, que sinaliza a provável área a ser plantada, em hectares, pelos agricultores do Estado de São Paulo. Os dados foram obtidos pelo método subjetivo2, que consolida e sistematiza as informações fornecidas pelos técnicos das Casas de Agricultura nos 645 municípios paulistas. Ainda neste levantamento, foram obtidos números finais da safra agrícola 2016/17 para as culturas de inverno, café e banana, assim como o levantamento que antecede a previsão final para as culturas de cana-de-açúcar e laranja. 

 

2 - INTENÇÃO DE PLANTIO SAFRA 2017/18

Para os sete principais produtos do plantio das águas da safra 2017/18 da agricultura paulista, o levantamento de setembro de 2017, quando comparado ao ano agrícola 2016/17, indica expansão de 1,4% na área cultivada, totalizando 1,6 milhão de hectares (Tabela 1). Desse total a ser plantado, a principal cultura é a soja com previsão de 904,1 mil ha, 0,3% menor que a safra anterior. Em seguida está a primeira safra de milho com 439,2 mil ha, área semelhante à da safra anterior com acréscimo de 0,1%. Para o amendoim das águas são 133,1 mil ha, acréscimo de 9,0%. No feijão das águas, a estimativa de expansão de área é de 8,5% que, se confirmada, poderá chegar a 73,6 mil ha nesse plantio. Também são esperados incrementos na área plantada de batata das águas (23,4%), resultando em 8,1 mil ha e de 105,1% no cultivo do algodão, e se estima que a área de 4,8 mil ha observada na safra anterior poderá chegar a 9,8 mil ha.

É importante ressaltar dois pontos nesses resultados de intenção de plantio para a safra 2017/18: a) a expansão aparentemente modesta, estimada em 1,4% em relação à safra anterior, deve ser avaliada considerando-se que em 2016/17 a safra foi muito boa,



beneficiada por condições climáticas favoráveis; e b) a baixa precipitação pluviométrica observada no mês de setembro pode ter adiado o início do plantio das culturas, prejudicando o planejamento dos agricultores. Os resultados do próximo levantamento (novembro/2017) serão fundamentais para a confirmação ou revisão das estimativas de intenção de plantio das águas desta safra.

 

2.1 - Algodão

O cultivo de algodão no estado, segundo o levantamento de intenção de plantio, poderá ter área expandida em 105,1% em comparação com a safra anterior, passando de 4,8 ha para 9,8 mil ha. Esse aumento de área se deve a opção pela em detrimento do plantio de soja que poderá ter nessa safra menor remuneração.

 

2.2 - Amendoim das Águas

A estimativa para intenção de plantio das águas do amendoim, safra 2017/2018, apresentou aumento de 9,0% da área plantada em comparação com o mesmo plantio da safra anterior. A possível expansão de área, observada em diversas regiões, tem relação com o incremento nas quantidades exportadas de amendoim descascado no corrente ano e com as expectativas de recuperação das cotações dos preços praticados no mercado interno.

2.3 - Arroz

Para a cultura do arroz de sequeiro, várzea e irrigado, o levantamento da intenção de plantio da safra 2017/18 indica expansão de 2,6% na área cultivada, prevista em 11,1 mil ha. Desse total, aproximadamente 75% corresponde ao sistema irrigado de plantio, adotado na região do Vale do Paraíba, especialmente nos EDRs de Guaratinguetá e Pindamonhangaba, que apresentam condições de cultivo favoráveis ao arroz.

 

2.4 - Batata das Águas

 O levantamento de setembro relativo ao cultivo de batata das águas refere-se à intenção de plantio. As informações obtidas nesse levantamento apontam elevação da área cultivada em 23,4% em relação ao levantamento final da safra anterior. O levantamento final desse cultivo apontou, na safra 2016/17, 6.605 ha, passando em 2017/18 para 8.153 ha. A intenção de aumento observado deve-se principalmente aos bons preços praticados no ano passado.

 

2.5 - Feijão das Águas

No levantamento realizado em setembro/2017, foram obtidos os números da intenção de plantio para a cultura do feijão das águas da safra 2017/18. As informações apontam que a área a ser cultivada poderá alcançar 73,6 mil hectares, expansão de 8,5% na comparação com a safra passada, indicando aumento gradual nos últimos três anos para essa safra que, se confirmada, é a maior na produção estadual do produto. Porém, esse resultado deve ser visto com cautela, pois dependerá do comportamento do mercado e dos preços recebidos pelos produtores de outros estados durante os meses de plantio.

 

2.6 - Milho (Primeira Safra)

A soma da área destinada ao plantio irrigado e não irrigado da primeira safra de milho 2017/18, indicada no levantamento de intenção de plantio, resulta em um total de área equivalente a safra 2016/17, com variação de apenas 0,1%, incremento de área inferior a 1.000 ha. A expressiva produção ocorrida na safra anterior e o aumento da participação do milho argentino no mercado mundial contribuem para a redução das cotações da saca do produto. Devido a este cenário, espera-se estabilidade ou até mesmo redução de área plantada. Esta tendência poderá ser confirmada no próximo levantamento a ser realizado em novembro.

 

2.6 - Soja (Primeira Safra)  

O levantamento de intenção de plantio mostra redução, ainda que pequena, em relação à safra anterior (-0,3%), com área prevista de 904,1 mil ha. A tendência de queda ainda é incerta para esse cultivo, uma vez que o preço não tão atrativo pode ser um dos principais motivadores da primeira queda de área desde 2008 (Figura 1). Entretanto, devido ao atraso do período de chuvas deste ano, alguns produtores podem ainda incluir áreas nesse ano safra.



3 – PREVISÕES DA SAFRA AGRÍCOLA PARA CANA-DE-AÇÚCAR, CEBOLAS E LARANJA, SAFRA 2016/17

O levantamento de setembro de 2017 traz estimativas preliminares que antecedem o final da safra paulista de 2016/17 para as culturas da cana-de-açúcar, cebola de muda e plantio direto e da laranja (Tabela 2).



3.1 - Cana-de-açúcar

Para a cultura da cana-de-açúcar, as informações obtidas em setembro de 2017 indicam estabilidade na previsão da quantidade colhida, pois, ao se comparar ao levantamento realizado em junho, sobressai a manutenção da produção esperada no mesmo patamar de 447,8 milhões de toneladas. Comparativamente à safra agrícola 2015/16, foi registrado resultado similar quanto à área total plantada (0,1%), apesar da redução de 2,9% na área nova. O rendimento médio da cultura até a presente estimativa é 1,7% superior à safra passada (80,1 t/ha).

 

3.2 - Cebola de Muda e Plantio Direto 

O 4º levantamento da previsão e estimativa de safras para cebola de muda e em plantio direto indicam queda na área plantada de 12,2% e 19,1%, respectivamente. A área plantada com cebola de muda passou de 2.600 ha para 2.300 ha, enquanto a área cultivada com cebola no sistema de plantio direto passou de 2.500 ha para 2.000 ha. Apesar da queda na área plantada, ambos os cultivos apresentaram ganhos de produtividade: a cebola de muda passou de 36.074 kg/ha para 36.407 kg/ha (0,9% maior) e a cebola em plantio direto passou de 48.776 kg/ha para 52.632 kg/ha, incremento de 7,9%. A cebola em plantio direto apresenta produtividade muito superior em relação a cebola de muda, e apesar de ocupar menor área, sua produção é significativamente maior. Serão produzidas em São Paulo 83.700 toneladas de cebola de muda, e 107.700 toneladas de cebola em plantio direto.

 

3.4 – Laranja 

O quarto levantamento da safra agrícola 2016/17 de laranja prevê volume total de 320,2 milhões de caixas de 40,8 kg, 22,9% superior ao obtido na safra de 2016 (260,5 milhões de cx.) e 3,5 pontos percentuais acima do previsto no levantamento anterior, realizado no campo em junho de 2017. Esses números incluem tanto as frutas comerciais (indústria e mesa) como os frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente acrescidas das perdas relativas ao processo produtivo e às de colheita. A estimativa da produção efetiva será conhecida por meio do levantamento de novembro.

A expectativa de safra maior em 2017, por conta de clima favorável no período das floradas e do melhor pegamento dos frutos, não será suficiente para recuperar os baixos estoques de passagem previstos para a temporada de final de 2016/17. Segundo a Associa-
ção Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), os estoques físicos disponíveis em 30 de junho de 2017 somaram 107.387 toneladas de suco de laranja concentrado congelado, equivalente a 66°Brix (FCOJ equivalente). Com os números preliminares da próxima safra, espera-se aumento nos estoques em torno de 93%, ainda considerado baixo pelas indústrias, sendo suficientes para repor níveis mínimos de armazenamento.

O clima mais ameno e úmido no Estado de São Paulo favorece o desenvolvimento das plantas. Além disso, a retomada dos investimentos em tratos culturais, impulsionada pelos maiores preços de 2016, reforça a expectativa de aumento na produção. Nos anos de cotações em baixa, muitos produtores deixam de adubar os pomares.

Produção maior e preços ainda elevados, uma rara combinação positiva, tendem a beneficiar citricultores e indústrias de suco, ainda que as cotações internacionais da commodity em sua forma concentrada e congelada (FCOJ) estejam em queda nos últimos meses.

Condições climáticas favoráveis, nos períodos críticos de desenvolvimento dos pomares, como os estresses hídrico e termal provocados pelas noites frias (média de 12ºC no cinturão citrícola) seguidas por dias quentes e secos (média de 27,3ºC), no mês de julho de 2017, favoreceram a indução floral com a chegada das primeiras chuvas em agosto de 2016, exceção feita às regiões de Altinópolis e Matão, que tiveram o início das chuvas regulares em outubro, influenciando os ganhos de produtividade da ordem de 20,4%, comparativamente à safra agrícola 2015/16.

Quanto à área total plantada, prevê-se maior área cultivada (1,0%), relativamente ao ano agrícola anterior. Considerado o maior desafio fitossanitário da citricultura, o greening está presente em 16,7% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais. O índice da doença, que tem elevado potencial de devastação, permanece praticamente no mesmo patamar dos dois últimos anos (17,9% em 2015 e 16,9% em 2016). Apesar da estabilização, o índice de plantas doentes é alto, pois são cerca de 32 milhões de árvores doentes. Assim sendo, a área total plantada atinge a marca de 444,4 mil ha para a atual safra, sendo que 94,0% desta área deverá ser feita a colheita. Não obstante, fatos como a disseminação mais intensa dos problemas fitopatológicos (em especial cancro cítrico e HLB - greening), agravados pelo aumento do custo de produção da cultura e aliados à alta dos preços dos defensivos, poderão contribuir para a diminuição da área de citros no estado. 

 

4 - ESTIMATIVAS FINAIS DA SAFRA 2016/17

Na pesquisa efetuada em setembro, foram também obtidos números finais da safra agrícola 2016/17 para as culturas de inverno (batata e feijão), banana, café, milho da segunda safra, trigo e triticale, disponíveis na tabela 3 para o total do estado.



4.1 – Banana

A estimativa final da safra 2016/2017 da bananicultura apontou ligeira elevação de área e produção em relação ao ano anterior. O aumento de área foi de 0,5% em relação à safra 2015/16, sendo o aumento de 0,8% para áreas novas e de 0,5% e para áreas em produção. O aumento da produção foi de 1,9%, por conta do ligeiro aumento da produtividade no período considerado.

A produção paulista se encontra muito concentrada no EDR de Registro, que representa 63,6% do total do estado, seguido pelos EDRs de São Paulo (8,4%), Pindamonhangaba (5,2%), Jales (4,9%) e Avaré (1,9%).

 

4.2 - Batata de Inverno 

O levantamento final da batata de inverno indica crescimento de 26,0% da área ocupada com esse cultivo, passando de 11.900 ha na safra 2015/16 para 15.000 ha na safra 2016/17. A produção aumentou 36,8%, apontando para uma elevação na produtividade de 8,6% (passou de 28.260 para 30.793 kg/ha). Os principais EDRs produtores são São João da Boa Vista, Itapeva e Itapetininga, que respondem por 74,5% do total.

 

4.3 - Café

Em setembro de 2017, encerrada a colheita do produto, realizou-se a quinta e última estimativa de safra paulista de café de 2016/17. Comparativamente ao levantamento de junho do mesmo ano, o resultado apontou elevação na estimativa de produção da ordem de 3,4%, ou seja, a quantidade total a ser colhida passou a ser estimada em 4,5 milhões de sacas de 60 kg (270,2 mil toneladas) de café beneficiado. Esse incremento frente a estimativa preliminar anterior foi verificado em importantes regiões produtoras, como Marília (11,5%), São João da Boa Vista (3,7%) e Ourinhos (3,5%). Já na região de Franca, a perspectiva é de redução de 1,1% frente a estimativa de junho.

Frente ao resultado da safra 2015/16, em que se registrou produção recorde no estado, acima de 6 milhões de sacas de 60 kg (364,3 mil toneladas), a previsão que a quebra na produção esperada pela atual estimativa reduziu-se para 25,8%, motivada pela bienalidade registrada no cinturão francano (intensificada pela adoção bastante disseminada de podas de condução), maior região produtora paulista que apresenta redução de 54,0% na colheita estimada, com atuais 1,2 milhão de sacas de 60 kg, ante as 2,61 milhões da safra passada.

 

4.4 - Feijão de Inverno 

O levantamento de setembro de 2017 tem o encerramento da safra 2016/17 do feijão de inverno (irrigado e sem irrigação) e a estimativa final registrou aumentos de 15,2% na produção (76,5 mil toneladas colhidas), 11,8% na produtividade e 3,0% de área cultivada, sendo 22,8% de expansão na área irrigada, enquanto o cultivo sem irrigação apresentou queda de área de 36,3%, na comparação com a safra passada. Esse desempenho resulta do cultivo com emprego de irrigação que utiliza base tecnológica mais avançada e que representa 85% dessa produção.

Assim, consolidando os números finais das três safras (águas, seca e de inverno) do ano agrícola 2016/17 no Estado de São Paulo, o cultivo do feijão apresentou expansão de 13,4% de área (113,8 mil ha), e aumentos de 24,0% na produção (275,02 mil toneladas de quantidade colhidas) e de 9,3% na produtividade média com 2.416 kg/ha (ou 40,3 sc. 60 kg) (Tabela 4).



4.5 - Milho Safrinha 

Os números finais do milho safrinha indicam aumento expressivo da produção e produtividade, 44,6% e 40,8%, respectivamente. Esses resultados apontam a recuperação da cultura frente as adversidades climáticas ocorridas na safra anterior. Em termos de área, apurou-se crescimento de 2,7% em relação a 2016 (Tabela 5).



Em termos de área em produção e volume produzido, os EDRs mais importantes para a cultura do milho safrinha são Assis, Itapeva e Ourinhos, que juntos equivalem a 62,5% da área estadual destinada à cultura e a 66,0% da produção em 2017.  

 

4.6 - Trigo e Triticale     

  A produção de trigo paulista na atual safra foi beneficiada pelas condições favoráveis de clima para a cultura, com resultado 18,7% maior que a anterior, graças ao efeito produtividade, 7,3% maior em relação à safra passada, reforçada pelo aumento da área cultivada em 10,6%. Esse quadro na produção paulista se diferencia dos principais estados produtores que tiveram suas safras comprometidas pelas condições climáticas desfavoráveis. A cultura do triticale finaliza a safra com área 65% inferior, produzindo 6,4 mil toneladas e com decréscimo de rendimento na ordem de 1,8%.

 As informações também estão disponibilizadas nas tabelas 6, 7 e 8 por EDR, e nas tabelas 9, 10 e 11 por RA e RM.

  

1Os autores agradecem aos técnicos do DEXTRU, das Casas de Agricultura, e diretores dos EDRs, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), pelo desempenho no levantamento. Agradecem também as contribuições dos pesquisadores científicos Ana Victória Vieira Martins Monteiro (feijão), Celso Luis Rodrigues Vegro (café), José Roberto da Silva (trigo e triticale), Marisa Zeferino Barbosa (algodão e soja), Renata Martins Sampaio (amendoim), Waldemar Pires Camargo Filho (cebola e batata) e apoio técnico de Talita Tavares Ferreira e de Irene Francisca Lucatto e da equipe do Núcleo de Informática para os Agronegócios do IEA.

 

2Entende-se por método subjetivo a coleta e sistematização de dados fornecidos pelos técnicos da Casa de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou da coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela unidade de produção.

Palavras-chave: previsão de safras, área e produção, Estado de São Paulo, estatísticas agrícolas, intenção de plantio, safra agrícola 2016/17.


Download das tabelas

Data de Publicação: 27/11/2017

Autor(es): Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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