Balança Comercial dos Agronegócios Paulistas e Brasileiros no primeiro quadrimestre de 2009

            No primeiro quadrimestre de 2009, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$ 12,26 bilhões (28,2% do total nacional), e as importações2, US$15,20 bilhões (41,3% do total nacional), registrando um déficit de US$2,94 bilhões. Em relação ao primeiro quadrimestre de 2008, o valor das exportações paulistas diminuiu 28,0% e o das importações, 19,7%, com significativa elevação do déficit comercial (+53,9%) (Figura 1). A redução das exportações paulistas (-28,0%), comparando-se o primeiro quadrimestre de 2009 com o de 2008, ficou acima da média brasileira (-17,5%), enquanto que nas importações, a queda foi maior no Brasil (-23,8%) do que em São Paulo (-19,7%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o saldo da balança comercial paulista teve aumento do déficit enquanto que a brasileira apresentou elevação do superávit. Em linhas gerais, trata-se da manifestação da realidade da crise econômica mundial, uma vez que todos os indicadores de comércio exterior apresentam recuos expressivos.

Figura 1 - Balança Comercial, Estado de São Paulo, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

Os agronegócios paulistas também apresentaram exportações decrescentes (-11,5%), atingindo US$4,25 bilhões; conquanto as importações tenham mostrado maior diminuição (-18,6%), somando US$1,80 bilhão, ainda assim houve queda de 5,4% no saldo comercial em relação a primeiro quadrimestre de 2008, atingindo US$2,45 bilhões3 (Figura 2). Há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive os agronegócios - somaram US$13,40 bilhões para exportações de US$8,01 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado, de US$ 5,39 bilhões. Assim, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho dos agronegócios estaduais, cujos saldos ainda se mantiveram positivos embora cadentes.

Figura 2 - Balança Comercial dos Agronegócios Estado de São Paulo, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

A participação das exportações dos agronegócios paulistas no total do Estado cresceu 6,5 pontos percentuais, enquanto a participação das importações aumentou apenas 0,1 ponto na comparação do primeiro quadrimestre de 2008 com o de 2009 (Figura 3).

Figura 3 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Estado de São Paulo, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            A balança comercial brasileira registrou superávit de US$6,72 bilhões no primeiro quadrimestre de 2009, com exportações de US$43,50 bilhões e importações de US$36,78 bilhões. Esse aumento do saldo comercial (+49,3%) aconteceu em função de queda das exportações (-17,5%) menor do que a diminuição das importações (-23,8%) (Figura 4). Nestes termos, a desvalorização da moeda nacional em decorrência da crise econômica reduziu aquisições externas em maior proporção que as vendas para o exterior, esta última afetada pela redução da demanda internacional além das dificuldades de financiamento do comércio internacional.

Figura 4 - Balança Comercial, Brasil, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            No primeiro quadrimestre de 2009, as exportações dos agronegócios brasileiros recuaram 9,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$18,90 bilhões (43,4% do total). Já as importações do setor diminuíram 24,8%, também em comparação com primeiro quadrimestre de 2008, somando US$5,13 bilhões (13,9% do total). O superávit dos agronegócios de primeiro quadrimestre de 2009 foi de US$13,77 bilhões4, 2,1% inferior ao do mesmo período do ano anterior (Figura 5). Portanto, o desempenho dos agronegócios sustentou a balança comercial brasileira, uma vez que os demais setores, com exportações de US$ 24,60 bilhões e importações de US$ 31,65 bilhões, produziram no período um déficit de US$ 7,05 bilhões.

Figura 5 - Balança Comercial dos Agronegócios, Brasil, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            As participações dos agronegócios nos totais do País cresceram em termos das exportações (+3,8 pontos percentuais) e recuaram em relação às importações (-0,2 ponto percentual) (Figura 6). Isso revela a elevada capacidade dos agronegócios brasileiros em enfrentar os desafios derivados dos movimentos da crise internacional.

            A participação paulista no total da balança comercial brasileira caiu em termos das exportações (-4,1 pontos percentuais) mas aumentou no tocante às importações (+2,1 pontos percentuais) (Figura 7).

Figura 6 - Participação dos Agronegócios na Balança Comercial, Brasil, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

Figura 7 - Participação da Balança Comercial Paulista no Total do Brasil, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009.

 
Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

            Em relação aos agronegócios brasileiros, as exportações setoriais de São Paulo no primeiro quadrimestre de 2009 representaram 22,5%, ou seja, 0,5 ponto percentual a menos que no mesmo quadrimestre em 2008, enquanto as importações representaram 35,1%, sendo 2,7 pontos percentuais superiores à verificada no ano anterior (Figura 8).

Figura 8 - Participação do Agronegócio Paulista no Brasileiro, Balança Comercial, Primeiro Quadrimestre de 2008 e 2009. 

Fonte: Elaborada pelo IEA/APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC.

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1Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

2Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

3Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios paulistas foi de US$2,75 bilhões.

4Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit dos agronegócios brasileiros foi de US$14,87 bilhões.

Palavras-chave: agronegócios, balança comercial, exportações, importações.

Data de Publicação: 13/05/2009

Autor(es): José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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