Preços agropecuários encerram mês de Novembro com alta de 1,48%

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de Novembro de 2009 com variação positiva de 1,48%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou alta de 3,20%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal) terminou com variação negativa de 2,78% (Tabela 1).

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, tanto o IqPR e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) registram recuos, porém terminam com variação positiva de 0,18% e 3,00%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Novembro de 2009 e Acumulada Novembro/08-Novembro/09.

Índice Acumulado
São Paulo
São Paulo - sem cana
Variação Novembro/09
Acumulada 

Nov/08 - Nov/09

Variação Novembro/09
Acumulada 

Nov/08 - Nov/09

IqPR
1,48% 
9,78 %
0,18% 
2,42 %
IqPR-V
3,20% 
18,75 %
3,00% 
15,50 %
IqPR-A
- 2,78% 
- 10,66 %
?
?

Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            Para a variação acumulada no período de Novembro/08 a Novembro/09, os resultados dos índices mostram variações positivas para o IqPR de 9,78% e para o IqPR-V (vegetais) de 18,75%, já para o IqPR-A o acumulado ficou com variação negativa de 10,66%. Desconsiderando a cana-de-açúcar do cálculo do índice que no período teve uma valorização de 20,67%, os resultados acumulados nos últimos 12 meses apresentam quedas significativas, mas ainda com variação positiva, o IqPR fecha em 2,42% e o IqPR-V fica com 15,50% (Tabela 1).

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Novembro de 2009.

Origem
Produto
Unidade
Cotações (R$)
Variação mensal (%)
Variação Nov/08-Nov/09 (%)
Outubro /09
Novembro /09
VEGETAL
Algodão
15 kg
40,05
41,74
4,21
--
Amendoim
sc.25 kg
25,97
25,31
-2,52
0,75
Arroz
sc.60 kg
36,57
36,47
-0,25
-20,27
Banana nanica
cx.21 kg
11,50
11,15
-3,03
14,64
Batata
sc.60 kg
46,20
59,93
29,73
202,86
Café
sc.60 kg
241,15
253,68
5,20
3,88
Cana-de-açúcar 
t de ATR
299,60
309,64
3,35
20,67
Feijão
sc.60 kg
58,00
62,68
8,06
-32,85
Laranja p/ Indústria
cx.40,8 kg
5,90
6,37
7,94
-26,07
Laranja p/ Mesa 
cx.40,8 kg
7,90
7,99
1,15
-30,78
Milho
sc.60 kg
17,02
16,97
-0,31
0,75
Soja
sc.60 kg
43,70
43,07
-1,43
0,78
Tomate p/ Mesa
cx.22 kg
41,06
31,78
-22,61
32,98
Trigo
sc.60 kg
27,13
26,37
-2,83
-1,19
ANIMAL
Carne Bovina
15 kg
77,34
74,77
-3,33
-13,91
Carne de Frango
Kg
1,51
1,52
0,90
-12,82
Carne Suína
15 kg
49,95
47,49
-4,93
-11,85
Leite B
Litro
0,82
0,78
-5,50
1,70
Leite C
Litro
0,75
0,72
-3,65
8,73
Ovos
30 dz
30,96
29,60
-4,40
-20,78
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

            Os produtos do IqPR que registraram maiores altas no mês de Novembro, em comparação com o mês anterior, foram: batata (29,73%), feijão (8,06%), laranja para indústria (7,94%), café (5,20%), algodão (4,21%) e cana (3,35%) (Tabela 2).

            Para a batata, o clima foi o responsável pelas perdas na produção, atrasos na colheita e conseqüente menor oferta do produto no mercado, acarretando a alta das cotações. Neste final de safra os bataticultores paulistas alcançaram preços três vezes superiores aos do ano passado.

            No caso do feijão, duas questões explicam a reversão da tendência de preços. Os preços, sistematicamente abaixo dos custos durante vários meses, desestimularam o plantio e com o encerramento dos impactos da boa safra de inverno, conforme anunciado em análises anteriores, os preços apresentam tendência de alta. De outro lado, os lavradores mais tecnificados, que apresentam vantagens de custos agora obtêm qualidade superior numa realidade de preços em elevação, entretanto ainda menor do que aquela almejada pelos produtores, em decorrência da entrada de feijão da Bolívia. No quadro nacional há queda de preços da leguminosa.

            Nas laranjas, de mesa e de indústria, a ocorrência da entrada do verão elevando o consumo de sucos impacta nas cotações no sentido da recuperação, uma vez que ainda estão muito inferiores aos observados no ano passado.

            As cotações internacionais maiores explicam as altas dos preços do café e do algodão, produtos relevantes no cenário nacional e para a agroindústria paulista.

            Na cana, as cotações internacionais do açúcar continuam pressionando para cima os preços internos dessa matéria prima, que vai sendo utilizada em maior proporção para produção deste, com reflexos na produção de álcool combustível, com aumentos expressivos no varejo. E a cana pela sua representatividade, puxa para cima os preços agropecuários paulistas.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços em Novembro foram: tomate para mesa (22,61%), leite tipo B (5,50%), carne suína (4,93%), ovos (4,40%), leites tipo C (3,65%) e carne bovina (3,33%) (Tabela 2).

            A recuperação da produção de tomate proporciona o retorno de seus preços a níveis mais compatíveis com seu padrão tradicional de variação.

            Os preços dos ovos apresentam tendência de queda na primavera, quando o alongamento da luz solar proporciona as condições propícias à postura das aves.

            Para o leite e carne bovina, a entrada no período de safra (melhoria das pastagens, isto é, mais alimento para os animais), com consequente aumento da produção, acarreta preços menores. Ainda para carne bovina, as indústrias frigoríficas justificam a redução das cotações em decorrência da redução das exportações, passando a ter uma disponibilidade interna maior.

            A carne suína, como produto concorrente, foi pressionada para baixo pela queda dos preços da carne bovina e pela redução da demanda por parte das indústrias.

            Neste mês, 8 produtos apresentaram alta de preços (7 de origem vegetal e 1 de animal) e 12 apresentaram queda (7 de origem vegetal e 5 de origem animal).

            Na comparação dos preços de Novembro de 2009 com o mesmo período do ano anterior, 10 produtos tiveram variações positivas, e as maiores altas ficaram por conta da batata (202,86%), tomate para mesa (32,98%) – produtos onde a sazonalidade e o clima foram os principais fatores pela elevação dos preços – e cana-de-açúcar (20,67%), ainda favorecido pela valorização do açúcar no mercado internacional (Tabela 2).

            Para os produtos que registraram variação negativa nos últimos 12 meses, verifica-se que 7 dos 9 produtos pertencem diretamente ao item alimentação : feijão (32,85%), laranja para mesa (30,78%), ovos (20,78%), arroz (20,27%) e as carnes bovina, de frango e suína (13,91%, 12,82% e 11,85% na ordem) (Tabela 2).
 

___________________
1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/11/2009 a 30/11/2009 e base = 01/10/2009 a 31/10/2009.

2Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

Data de Publicação: 03/12/2009

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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