Atividade pecuária no Pólo Noroeste Paulista

            O valor da produção agropecuária (VPA) do Pólo Regional de Desenvolvimento dos Agronegócios do Noroeste Paulista somou R$ 1,9 bilhão em 2004, o que representa 7,1% do VPA paulista que foi de 27,07 bilhões1. Este resultado é 10,8% superior ao VPA do Pólo em 2003, um aumento superior ao do VPA do Estado no mesmo período (9,7%).
            Os principais produtos agropecuários do Pólo Noroeste Paulista são, por ordem de grandeza, carne bovina, cana de açúcar, leite, laranja, milho e algodão, que representam 80% do seu VPA, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA).2
            O Pólo Noroeste Paulista é sediado em Votuporanga, abrangendo 71 municípios3 (figura 1).

Figura 1 - Localização Geográfica do Pólo Regional de Desenvolvimento dos Agronegócios do Noroeste Paulista

                                                                                  Fonte: http://www.aptaregional.sp.gov.br/

            O VPA da produção animal em 2004 atingiu R$ 855 milhões, o que representa 44,7% do VPA do Pólo Noroeste Paulista, apesar de apenas sete produtos de origem animal em relação a 37 produtos de origem vegetal (gráfico 1). O VPA animal do Pólo representa 10,2% do VPA animal do Estado, o que é superior a sua participação em relação VPA geral.
            O VPA animal aumentou 5,3%, entre 2003 e 2004, com a maior variação verificada no VPA da carne suína (145%). O VPA das aves (carne e ovos) teve variação positiva de 33%, enquanto o VPA da carne bovina apresentou queda de 0,2%. Isto fez com que o aumento do VPA animal tenha sido menor do que a média do Pólo, apesar das elevadas variações dos demais produtos animais. O aumento do VPA animal do Pólo foi inferior ao do VPA animal do Estado que foi de 6,7%.
            A carne bovina é a principal atividade agropecuária do Pólo Noroeste Paulista, com VPA de R$ 623 milhões (32,6% do VPA do Pólo). Este valor representa 14,5% do VPA da carne bovina do Estado. Outro produto importante é o leite, que ocupa a 3ª posição, com VPA de R$ 166 milhões (8,7% do VPA do Pólo).
            Assim, a bovinocultura gerou R$ 789 milhões (41,3% do VPA do Pólo). Os demais produtos de origem animal (carne de frango, ovos, carne suína e casulo) somaram R$ 66 milhões, o que representa 3,5% do VPA do Pólo (gráfico 1).
            Na bovinocultura, o Pólo Noroeste Paulista gerou 15% do VPA do Estado (R$ 5,254 bilhões). No leite, respondeu por 17,5% do VPA estadual (R$ 950 milhões), mas, se for considerado somente o leite 'C', esta participação sobre para 20,8% do VPA estadual (R$ 737 milhões). Os demais produtos de origem animal representam pouco no Estado, ficando com 2,1% do VPA estadual (R$ 3,1 bilhões).
            Pelos números apresentados, percebe-se a importância dos produtos de origem animal, tanto no âmbito do Pólo Noroeste Paulista quanto no nível de participação na geração do VPA do Estado. Nesse sentido, destacam-se a carne bovina e o leite tipo 'C', ambos da bovinocultura.

Gráfico 1 - Valores de VPA no Pólo Noroeste Paulista, 2004

                               Elaborado pelo autor, a partir dos dados básicos do IEA

            Levantamentos realizados, entre 1998 e 2003, pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA/SP)4, mostram que o Pólo possuía 29.086 unidades de produção agropecuária (UPA)5, num total de 1,79 milhão de hectares, com média 61,8 hectares por UPA, muito próxima da média estadual (68,4 hectares).
            No Pólo Noroeste Paulista, 85,4% das UPAs possuíam alguma criação animal. A principal refere-se a bovinos mistos, que estão presentes em 62% das UPAs, seguidos de bovinos de corte (15% das UPAs), bovinos leiteiros (8,7%), aves (12,1%), suínos (23,3%), ovinos (5,5%), caprinos (0,9%), eqüinos (54,1%), peixes (0,7%) e abelhas (0,7%). As demais criações animais podem ser encontradas em 15,9% das UPAs (tabela 1).
            A população animal é considerável, principalmente de bovinos, com um total de 2,28 milhões de cabeças em 23.369 UPAs (80,3% das UPAs do Pólo), mais uma vez demonstrando a importância da pecuária bovina no Pólo. Esta população representa 13,4% das 16,9 milhões de cabeças de bovinos do Estado, que estão distribuídas em 201.085 UPAs (67,2% das UPAs do Estado).

Tabela 1 - População animal no pólo Noroeste Paulista, 2003 5

Espécie
Quantidade
UPAs
Nº que possuem
% do total de UPAs
Aves (cab./ano)
7.457.073
3.508
12,1%
Bovinos Mistos (cab.)
1.533.066
18.043
62,0%
Bovinos de Corte (cab.)
630.427
4.415
15,2%
Bovinos Leiteiros (cab.)
112.079
2.516
8,7%
Suínos (cab.)
96.429
6.773
23,3%
Eqüinos (cab.)
49.763
15.434
54,1%
Ovinos (cab.)
38.872
1.599
5,5%
Caprinos (cab.)
4.156
260
0,9%
Abelhas (colméias)
1.710
197
0,7%
Peixes (m² de tanque)
934.523
218
0,7%
Outras Espécies (cab.)
192.538
4.628
15,9%
TODAS AS ESPÉCIES
-
24.830
85,4%

Fonte: CATI/SAA4, 2003

            As áreas de pastagens ocupam 1,3 milhão de hectares (72% da área das UPAs do Pólo); 26.941 UPAs possuem alguma pastagem (92,6% das UPAs do Pólo). As principais forrageiras utilizadas nas pastagens são das variedades de braquiária, ocupando 1,14 milhão de hectares (63,6% da área total das UPAs) em 25.987 UPAs (89,3%).
            A inseminação artificial, um indicador do uso de tecnologia, é utilizada por 814 UPAs (3,5% das UPAs que possuem bovinos). Isto indica a baixa tecnologia utilizada pela grande maioria dos produtores.
            A mineralização e a vermifugação são utilizadas por 21.150 UPAs (72,7% das UPAs do Pólo, 91% das UPAs que possuem bovinos). Este é um bom indicador, apesar de não representar um nível tecnológico elevado. Mesmo assim, mostra a preocupação e a conscientização com a alimentação e a sanidade do rebanho, algo extremamente importante.
            Assim, pode-se notar a importância da produção animal, principalmente a bovinocultura, no Pólo Noroeste Paulista, em especial da carne bovina. Entretanto, ainda apresenta, aparentemente, um nível tecnológico baixo, evidenciado por alguns fatores, como a alta percentagem (67,4%) de animais mistos na população bovina, a grande área de pastagem com pouca diversidade de espécies forrageiras e também o baixo índice de utilização da inseminação artificial, o que torna o melhoramento genético do rebanho muito lento ou oneroso.
            Este rápido panorama da atividade pecuária do Pólo Noroeste Paulista pode contribuir para um melhor entendimento da realidade da região. Para o desenvolvimento e/ou a adaptação de tecnologias voltadas para os agronegócios da região é fundamental o conhecimento da realidade e das necessidades locais.6

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1 Otani, M.N.; Caser, D.V.; Coelho, P.J. Pólos Regionais: Produção e valor da produção agropecuária em 2004 – http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=2518
2 O Pólo Noroeste Paulista é um dos 15 Pólos Regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Os Pólos Regionais situam-se em pontos estratégicos localizados nas diversas regiões do Estado, com foco nos problemas das cadeias de produção locais.
3 Os municípios que compõem o Pólo Regional são os seguintes: Álvares Florence, Américo de Campos, Aparecida D’Oeste, Aspásia, Auriflama, Buritama, Cardoso, Cosmorama, Dirce Reis, Dolcinópolis, Estrela D’Oeste, Fernandópolis, Floreal, Gastão Vidigal, General Salgado, Guarani D’Oeste, Guzolândia, Indiaporã, Jales, Lourdes, Macaubal, Macedônia, Magda, Marinópolis, Meridiano, Mesópolis, Mira Estrela, Monções, Monte Aprazível, Nhandeara, Nipoã, Nova Canaã Paulista, Nova Castilho, Nova Lusitânia, Orindiúva, Ouroeste, Palestina, Palmeira D’Oeste, Paranapuã, Parisi, Paulo de Faria, Pedranópolis, Planalto, Poloni, Pontalinda, Pontes Gestal, Populina, Riolândia, Rubinéia, Santa Albertina, Santa Clara D’Oeste, Santa Fé do Sul, Santa Rita D’Oeste, Santa Salete, Santana da Ponte Pensa, Santo Antônio do Aracanguá, São Francisco, São João das Duas Pontes, São João de Iracema, Sebastinópolis do Sul, Sud Mennucci, Tanabi, Três Fronteiras, Turiuba, Turmalina, União Paulista, Urânia, Valentim Gentil, Vitória Brasil, Votuporanga e Zacarias.
4 Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo 1998-2003. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI/SAA/SP, 2003. (Atualização dos dados do Projeto LUPA 95/96 - PINO, Francisco A. (Org.). Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo. São Paulo: IEA/CATI/SAA, 1997. 4v.)
5 Os dados foram levantados em todas as UPAs do Estado, sendo coletados entre os anos de 1998 e 2003, com uma porcentagem das UPAs levantada a cada ano.
6 Artigo registrado no CCTC-IEA sob número HP-103/2005.

Data de Publicação: 22/11/2005

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor